"Fim de tarde"
João-Afonso Machado, 28.08.17
A janela do quarto duzentos e dois na pensão
abre-se ao tempo farto de maresia
- e o tempo avançaria
não fora ela em golfadas do passado,
nas portadas de lágrimas e coração
(- de lágrimas rugosas, áridas de emoção -),
escutar vozes tortuosas, ecos de um sol aluado.
Atrozes instantes de nada
senão a idade. Onde os secos retratos distantes,
cheios de vida, cheios de morte,
invocam os esquecidos anos gaiatos
e maldizem a sorte.