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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Três anos depois

João-Afonso Machado, 06.07.17

MANADA.JPG

Revi-os o outro dia, mas à sombra, debaixo de umas carvalheiras, a tentarem esconder-se das moscas. O calor era muito e a palha dos fardos ruminada sem entusiasmo de maior.

O tractor passou devagarinho com o atrelado cheio de crianças e a necessária escolta. A curiosidade subiu de tom principalmente à vista do pai daquelas vacas e bezerros todos: um nababo, corpulento, pachorrentamente deitado e rodeado da sua prole. O passeio dava-se ares de safari.

Já não sei quantas cabeças são. Duas ou três dezenas. É gado minhoto, desse que não dá leite, dá carne. E - o  que é o mais apetecível - a expressão feliz do proprietário, um homem de trabalho, imparável.

 

 

"Interiores"

João-Afonso Machado, 03.07.17

CASTANHEIRO RIBELA.JPG

Era um tapete de folhedo a crepitar

de outono, era o tempo a acastanhar

o arvoredo,

eram os dias com sono.

 

Eram as copas de uma história antiga,

do lado de cá do sol um muro,

 

é a deambular vadia a memória em briga

com o que jamais será futuro.

 

 

As pedras mudas de Aborim

João-Afonso Machado, 01.07.17

ABORIM.JPG

Parecem nada, mal o musgo as deixa perceber pedras. Mas são os contrafortes de muitas gerações que espreitaram pelas ameias a História. Agora dividem os matos de umas vinhas caducas. É o Tempo!

Foi um torre. Um castelo, sem exagero. É sobretudo uma lição: bem vistas as coisas, as pedras, por tão duras que sejam, acabam não sobrevivendo aos homens. Às suas ossadas. Ignoro os anais de Aborim, sei apenas o Presente. Como será evidente, o Passado não correu em seu auxílio. E talvez as suas gentes não tenham tido ganas de deixarem escrito... - sequer os seus dias gloriosos.

O resultado é esse: mato e vides a cairem com as ramadas que as sustentam. É facílimo viver de cócoras, costas voltadas para o Futuro.

 

 

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