Gente realmente importante
Não se fale mal da escuridão das ruas do Porto. Das suas paredes sem brilho, daquelas casas tristes de falar mudo. Há figuras a colori-las nos mais diversos tons. Por exemplo, o cor-de-rosa. De cima a baixo, da cartola aos sapatos brancos, com flor na lapela a condizer. A gente pensa e nada conclui.
Gigolo? Não, não dominava a pose. Pink Panther? Também não. Friz Freleng não a animaria assim. O tal dia do "orgulho gay"? Não fora divulgado e eles são pródigos em publicidade...
Quem seria? Não sei. Sei-o apenas nada incomodado com o espanto causado entre os transeuntes. Parecia esperar uma boleia. A seus pés uma saquinha de cartão carregada imagine-se lá com quê. Impávido. Honra lhe seja feita, era o sol que girava em torno de si, contrariando todas as certezas estabelecidas por Copérnico.