As pedras mudas de Aborim
Parecem nada, mal o musgo as deixa perceber pedras. Mas são os contrafortes de muitas gerações que espreitaram pelas ameias a História. Agora dividem os matos de umas vinhas caducas. É o Tempo!
Foi um torre. Um castelo, sem exagero. É sobretudo uma lição: bem vistas as coisas, as pedras, por tão duras que sejam, acabam não sobrevivendo aos homens. Às suas ossadas. Ignoro os anais de Aborim, sei apenas o Presente. Como será evidente, o Passado não correu em seu auxílio. E talvez as suas gentes não tenham tido ganas de deixarem escrito... - sequer os seus dias gloriosos.
O resultado é esse: mato e vides a cairem com as ramadas que as sustentam. É facílimo viver de cócoras, costas voltadas para o Futuro.