Sinais de bordo
João-Afonso Machado, 02.05.17
São os fins de tarde sem fim. Como se o Tempo parasse em cima das águas e a História flutuasse a pedir um pouco de lustro. Um certo polimento, tinta nova no tinteiro onde encaixam quatro mastros, quatro penas antigas e viajadas, muito narradoras do ultramar.
O veleiro não estava lá por acaso em tal fim de tarde. Falho de tudo, sem voz para pedir esmola, nem olhar por onde alcançasse o horizonte. Mas estava. E continuará a estar, na sua fé no futuro. Outros dias virão terminantemente espezinhando esse fúnebre, insuportável, - "nunca mais".