Saudade da vila ao lado
Enfim deixo as ideias sem hora de regresso. No café do largo principal está a vida inteira para o boletim do totobola, hoje reuniu o conselho de ministros, todos participam na elaboração do orçamento. Ainda um dia seremos ricos, a concertação social bem sucedida depois do senhor abade dar o seu acordo, pois sim, mas nunca esquecendo as obras do adro, olhai a torre sineira...
Alguém lhe disse com o sino nada, nem as badaladas do relógio nem a má nova dos defuntos. Concordo. Porquê dar assim corpo às ideias sem hora de regresso? O orçamento quase pronto e desanuviado do déficite, haverá saúde, lazer, aforro, investimento... Está lá tudo rigorosamente a cumprir, e mais uma cerveja a selar a promessa do cumprimento. Traz também outra! E outra! E mais outra para mim!
São muito os ministros. O café não receia os estados vizinhos, a pizzaria e o supermercado, claro, o largo principal não escapa ao fenómeno da emigração, mas só os mais novos se aventuram, é para eles esse comer italiano, e os outros... parece desapareceu aquele vento frio que os levava tão cedo.
Por isso alimento as ideias sem hora de regresso. Era mais uma cerveja, se faz o favor! Para onde regressar da vila onde só toquei de raspão nos arredores? Obrigado... e, já agora, um saquinho de amendoins... é, desculpe lá!... Em que rua virar depois da primeira à direita e da segunda à esquerda, se me apartam do largo principal? Eu pedi uma cerveja, não uma fachada imensa, ajanelada, avarandada, a entrada no topo do escadório do lado de lá o muro. E queria ter ido aonde não fui, queria o coração da vila em vez da ponta dos seus pés com tampões nos ouvidos por causa do ruído dos automóveis.
(Fica para a próxima, meu filho, assevera o senhor abade, cheio de palpites para o totobola, subitamente um génio financeiro, uma alma caridosa, ó rapaz traz depressa mais uma cerveja para este amigo aqui).