Tino "arrasou"
Para utilizar o jargão imbecil do mundo do espectáculo, foi isso mesmo - Tino "arrasou". Falou pouco e riu-se (e fez questão de o dizer) do muito que os outros candidatos falavam - enquanto ele desenhava bonecos. Falar para quê? Cresciam sorrisos contidos á sua volta, mas Tino continuou a debitar ciência - Todos falam muito em milhões, mas as contas fazem-se a partir do zero. - Estivera em Bruxelas e Paris, contactou portugueses emigrados e desconhecedores das canseiras dos nossos deputados europeus. E, no regresso a Lisboa, dormiu na rua com os sem-abrigo. - Avenidas muito bonitas, muitas luzes, mas já viram o que escondem as suas sombras? - Claro que não, ninguém vira, os sem-abrigo cheiram mal e geralmente não votam. Já a troça e os sorrisos haviam sumido. - Em Rans não temos sem-abrigo! - finalizou em triunfo.
Pelo meio deu uns beliscões a Marisa, passou a tratá-la por "tu", fez-se ao piso. Ossos de ofício. Força Tino, toca a partir pedra.
Será um voto de desprezo pela República, um voto de protesto. Mas é também um voto de reconhecimento e agradecimento. Um louvor. O voto no Tino de Rans.