História de um mês
Foram muitos cuidados, nesse ajeitar de coisas que só a ciência feminina conhece. E exige. Foi bom, eu agradeço, a parturiente já nem sabe de quem gosta mais. Andámos horas tremendas de impaciência.
Está bem, a ninhada chegara finalmente, são seis, todos de pelagem sobre o claro. Mas quão demoraram a abrir os olhos, a sair da molhada, a fazerem-se gente!
E um mês volvido já saltam abaixo da alcofa. Já passeiam ao sol e abanam a cauda. Já não são tão iguais. Dá para os conhecer, os mais tímidos e os mais afoitos, os refilões e os choramingas.
Todos têm um destino marcado. Só Paio (ou Egas?) ficará. É difícil lidar com este gostar que estejam e saber que partem. Resta o sabor de os criar. Agora o cuidado de os entreter com uma papa qualquer, não suguem eles a pobre esmifrada mãe.
O mais é dar com a estúpida cabeça na parede: uma tacanha cabeça incapaz de os trazer para o quarto a dormirem aos pés da cama. Com o gato a tomar conta.