Os franceses emendarão a mão; nós não podemos
Com a abstenção quase nos 50%, a França corre o risco de assistir à vitória do extremismo da Frente Nacional, à "primeira volta" das eleições regionais alcançando perto de 30% dos votos. A Europa tremeu ao conhecer o resultado! Muito mais do que quando o Syriza subiu ao Poder na Grécia, aliás coligado com outra formação do radicalismo dito de direita. Por preconceito, por facciosismo "modernista" e, sobretudo, porque a França é a França e a Grécia é a Grécia: os fenómenos periféricos geralmente não são de grande importância.
Ignoro - acresce - se os apoiantes da FN usam também o estilo halterofilista cabeça rapada do nosso micro-PNR. Seja como for, os milhões de votos em Marine Le Pen decerto pertencem, na sua maioria, a cidadãos comuns alarmados com os atentados de Paris e dispostos a castigar as falsas promessas e a inoperância de Hollande - o Costa de lá.
Ninguém pretende, suponho, uma governação de caceteiros e arruaceiros. Felizmente para os franceses, a sua Constituição permite-lhes emendar a mão já no próximo domingo. (A nossa Comunicação Social aguarda em silêncio tudo se resuma apenas a um pesadelo...). Daí os apelos "dramáticos" ao bom senso dos abstencionistas. Assim a República - o orgulho deles, franceses, a República - dê voltas à cabeça e descubra alguém de jeito, entretanto, para 2017...
Já por cá as coisas são diferentes. Uma amostra recente do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica conclui 52% dos portugueses consideram Passos Coelho devia ser o 1º Ministro (contra 37% favoráveis a Costa). Mas teremos de esperar frutifique a incoerência socialista, a sua zanga com os leninistas e trotskistas. Ou 2019. Sempre com o pescoço sob uma espada chamada "segundo resgate".