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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

É isso!

João-Afonso Machado, 29.11.15

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Este silêncio de manhãs dominicais, um silêncio quente e ignorante, vesgo, o silêncio das horas que não sairam cedo para o campo e dormem rodeadas de paredes...; preguiçoso, em corpo de gato, estendido na cama, perdido em ideias num feriado de estrofes ou perigando em convulsões de desenhos políticos, tão contraditório silêncio; ainda em jejum, salvo o choramingar de cachorros, espingarda adiada, vida que se pergunta - silêncio, quem és tu?; e busca a caneta, a mesma de há muito, as outras como nos museus, só em dias de desfile, esta de plantão no tempo infrene do silêncio agora dividido - porquê aqui?, porque não ali?; (ali, no sítio dos domingos, algures no frio dos montes, que badaladas já de onde?)...

Porque no silêncio dos campanários revigora o meu cuco cucando sem tino meias-noites pela manhã, há anos a cucar sem acerto, nem de outro modo seria silêncio; e o silêncio é muito mais, foi um pedaço da Ode Marítima no despertar, Álvaro de Campos no cais, o mar, o mundo, a cabeça nem sempre... no tal corpo de gato estendido (em cima da barriga) na cama. Só pode ser isso!