Soares com Sócrates, Costa sem Soares
Entre a inesquecível apoteótica recepção a Paulo Pedroso na AR e os almoços e jantares públicos em que Sócrates é protagonista, sobreleva unicamente a ética socialista (ou republicana, como quiserem). Com imensa vantagem para o sentido crítico dos portugueses.
Tal como Pedroso, também Sócrates morreu já para a política. O desfecho judicial é de somenos importância na avaliação da sua conduta. Sócrates poderá até ser inocentado dos crimes de corrupção de que será acusado. Mas o facto permanece - a sua riqueza, acumulada durante a sua governação, a mentira de quem se afirmou pobre e desempregado, a apetência pelo luxo enquanto a maioria dos seus concidadãos lutava pela subsistência.
Por isso, juntar 400 apoiantes ou comprar a si mesmo 30.000 exemplares de um livro da sua autoria dá em igual - na demonstração de uma patologia megalómana. Ou num imenso ruído produzido para silenciar a verdade.
De interessante, apenas um ponto a registar - a presença de Mário Soares neste último almoço de desagravo em Lisboa. A natural debilidade da saúde do patriarca socialista poderia explicar o seu silêncio face às peripécias de António Costa, no assalto ao Poder a que vimos assistindo. Mas, afinal, não explica!