Porquê? Porque sim
São 28 degraus revestidos a madeira e uma procissão de gente a subi-los ajoelhada. A Scala Santa. O percurso de Cristo na morada de Pôncio Pilatos no dia em que o condenaram à morte; uma viagem de Jerusalém até Roma, junto à Basílica de S. João de Latrão. Dizem. Tudo está depois no empecilho de acreditar. O mais difícil, a execução desse complicadíssimo "acreditar". Dar crédito? (Emprestar?) Crer? (Aceitar?) A Semântica, a História, a Teologia, a cabeça à roda e o súbito impulso do "querer" - subir a Scala Santa em joelhos, com as mãos a almofadá-los. Doeu.
Foi em 2011, mas as fotografias são sempre retalhos de vida trazidos à memória. Lembro apenas, não quis fazer um exercício fisico, antes algo diferente. O quê? - os negócios do espírito realizam-se na intimidade de cada um, eu não creio na Apologética, rejeito catequeses. Somente há estados de alma sempre assim se traduzindo em manifestações externas. Ainda que, eventualmente, «O único sentido íntimo das coisas/É elas não terem sentido íntimo nenhum» (Alberto Caeiro).
Ficou a realidade, sobretudo a realidade sensitiva. Mesmo porque no meio da multidão sempre conseguimos passar despercebidos.