Onde e quando será o próximo?
De repente, Paris parece tornar-se, entre as grandes capitais, a mais permeável. Será talvez apenas a mais apetecível. O que significa nenhuma está livre de ver chegada a sua vez. Como, para cada um de nós, a Morte.
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A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo
A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo
De repente, Paris parece tornar-se, entre as grandes capitais, a mais permeável. Será talvez apenas a mais apetecível. O que significa nenhuma está livre de ver chegada a sua vez. Como, para cada um de nós, a Morte.
publicado às 17:18
Na memória, muito canora, a batida metálica ao rodar dos quilómetros nos carris e o repetido apitar do comboio. Partira de Lisboa Santa Apolónia-Santarém-Entrocamento-Pombal-Coimbra-Pampilhosa-Aveiro-Estarreja-Espinho-V. N. de Gaia-Porto Campanhã. Durante nunca menos de quatro horas às vezes afundadas sem pressa alguma nas cheias da Lezíria ou em outra qualquer inexplicada demora.
Era o semi-directo porque o rápido ou o foguete não podiam ser, a bolsa não deixava. Era o vagar de ler, pensar nas pequenas e, no regresso (Porto Campanhã-V. N. de Gaia-etc.-etc.-Lisboa Santa Apolónia), o aflito marranço da sebenta em véspera da frequência.
A Ponte D. Maria (fotografia que o Destino não quis...) em pezinhos de lã, não fosse ela tropeçar e cair, e tudo isto razoavelmente de dia. A longa noite, então, não havia estação ou apeadeiro que não inspeccionasse, de porta em porta como os carteiros. No correio, aos fins-de-semana interiormente decorado de verde-recruta aromatizado de boçalidade e humedecido em cerveja. Sempre a revolução, connosco, os perdedores, contando os minutos todos como estátuas de cabeça posta nos varões das janelas. E quantos milhões de minutos! - suportados em cima das pernas, passo a passo com o carteiro, o impiedoso desacelerar do comboio mal começava a ganhar velocidade, outra paragem, outra entrega na escuridão, um longo apito a furá-la, o lento recomeçar da marcha, ignotos lugares, inúteis esperanças, a magalada também fazia Lisboa Santa Apolónia-centenas de etcs.-Porto Campanhã (e nos inversos etcs. sempre eles e nós outra vez), a fila de espera inundava as coxias e os corredores, teríamos por assento as pernas apenas e por almofada os braços, no encosto dos varões das janelas.
publicado às 10:57