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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

O Centro, o não previsto legado de Costa

João-Afonso Machado, 05.11.15

Provavelmente o mais significativo apontamento de Francisco Assis, na sua célebre crónica do Público de 29 do passado Outubro, foi - já na parte final - a definição do PS como um «partido do centro-esquerda». Que não é.

Não valerá a pena andarmos em distinções da essência da Esquerda e da Direita para concluirmos que o "Centro" não existe como espaço ideológico. Não o confundamos, portanto, com a sempre presente demarcação entre a moderação e o radicalismo.

Aliás, tem-se agora sobejamente notado, o PSD e o CDS derivam da «extrema-direita» para o «centro-direita» (encalhando muito no «neo-liberalismo») consoante a pior ou menos má disposição de quem lhes lança os ápodos.

Por isso o "Centro" poderá e deverá ser, apenas, a mesa civilizada a que as almas bem intencionadas e não destituídas de realismo político se sentam para tratar os interesses públicos. Uma mesa onde certamente não terá vez o oportunismo de Costa, e dificilmente o facciosismo e a demagogia do PCP e do BE (e quejandos). Mas onde gente sensata e de espírito aberto, como Assis, Maria de Belém, o Dr. Vera Jardim, João Proença e muitos mais mostraram já vontade de tomar chá e falar de coisas sérias com a Direita.

Essa é a maior e involuntária benfeitoria de Costa: fazer vir à tona uma Esquerda com ideais e desprovida de falsas paixões. A lembrar o antigo Partido Socialista, de Fontana, Antero, Fuschini, Oliveira Martins, que um outro Costa (malfadadamente Afonso) atraiçoou.