O país de carne e osso é outra realidade muito além dos lugares estratégicos visitados em campanha eleitoral. É, por exemplo, as pequenas comunidades piscatórias que vivem da arte xávega.
Sabem os senhores políticos o que é a arte xávega?
Pois não, lamentavelmente. Em resumo, é uma forma de pesca à rede artesanal, o pouco que resta dela, com as dificuldades que se adivinham e agravam pela regulamentação metediça da UE. Mormente a que obriga a devolver ao mar o peixe de dimensões inferiores às tabeladas.
A cegueira total: desde logo, o peixito não sobrevive ao aperto e arrasto das redes; depois, nunca se desperdiça, é muitas vezes mais apreciado e melhor vendido que o graúdo.
Os pescadores portugueses dirigiram já a Bruxelas um pedido de regime de excepção. As entidades oficiais encolhem os ombros e dizem que não podem alterar unilateralmente os regulamentos comunitários. Criaram, entretanto um «grupo de estudo» para elaborar um «relatório» a apresentar a uma «comissão» que discutirá o assunto nas «instâncias europeias».
Traduzindo: há muita gente a ganhar bom dinheiro à custa da pobreza dos pescadores enquanto a caravana eleitoral prossegue o seu itinerário sem distinção de cor, sexo ou ideologia.