Os refugiados já chegaram à política portuguesa
As redes sociais funcionaram e as manifestações, pró e contra, realizaram-se à mesma hora e no mesmo local, conforme a normalidade própria dos confrontos. Parece que na contagem das adesões os contras (umas dezenas) perderam largamente para os prós (algumas centenas).
Foi a nossa recepção aos refugiados que, às tantas, nem sequer chegarão. Ontem, em Lisboa, algures entre o fanatismo e o obscurantismo (o famigerado "nacionalismo"), de um lado, e o facilitismo porreirista e o saudosismo hippy, do outro. Tudo debaixo de um indisfarçável manto ideológico, creio que de nada mais.
O drama está, portanto, no seu posto. A inevitabilidade da fuga dos seus próprios países, o negócio malfeitor das travessias do Mediterrâneo, as fronteiras aramadas Europa fora, face ao ininterrupto formigar da procissão, e a incerteza do destino: onde estão as comunidades acolhedoras?
E integrando essa longa marcha, apanhando o comboio talvez nas derradeiras estações, quantos não se infiltrarão animados dos piores propósitos? Quantos não passarão?
Esse o drama: o sofrimento de muitos, o terrorismo de alguns e a habitual politização ou inépcia política dos incumbidos de fazer justiça e equidade. Agravado - é bem verdade! - pelo evidente fosso cultural entre o Ocidente e os que a toda a hora aqui desaguam.