Caminhos da escrita sem mapa
As Primeiras impressões de um sobrevivente de ontem foram, há já quase uma década e meia, as minhas memórias - escritas no correr da pena - de um ano diferente, um ano em que foi preciso aprender a viver outra vez. Eu sei a quem a sua leitura seria insuportável, mas às vezes vou lá (de cabeça erguida, pois), passo os olhos por uma aleatória meia dúzia de páginas, e é como se reencarnasse o Tempo, em tudo o que conserva de revolta, dor e ternura, de ináudito e de resignação ou força. Assim aquelas Primeiras impressões se imortalizaram em mim mesmo, triplicadas à cautela em ficheiros e pastas, se bem utilizo a linguagem informática. Que na minha simplesmente conservo a resistência mãe da minha sobrevivência...
Depois houve mais papelada. Mormente em alturas de caça e viagens. A lembrança das coisas que vemos e sentimos e nos perfuram a alma como bagos de chumbo.
Ainda agora retoco o meu "diário de bordo" por terras de Sua Magestade Britânica. Porquê? Para quê? Eis a questão.
Porquê, já o disse. Porque as emoções precisam de um traço na sebenta, um contorno convenientemente desenhado, e tanta tinta lá dentro quanto elas mereçam pelo seu colorido. Não sei como melhor me expressar, é só esta necessidade de encontrar as palavras que me definam. E partir em busca de mais.
Para quê, ao certo não sei. Provavelmente para nada. Títulos editados já os tenho em quantidade bastante. Coisinhas pequenas, continuo a espalhá-las por aí. O resto? O meu mundo só meu? Talvez a derradeira demonstração de que eu sou eu esteja em levar esses escritos em cinzas com as minhas cinzas soltas na Eternidade. O "talvez" é muito do meu mundo, é na verdade um "enquanto". E talvez um dia saiba explicar as explicações que por enquanto me impeço de dar.