Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Sócrates - a tragédia

João-Afonso Machado, 08.06.15

Estava-se mesmo a ver. Até sobre o assunto se pode escrever em cima do joelho. Sócrates recusa a pulseira e obriga o Procurador a escorregar na casca da banana que, inadvertidamente, atirou ao chão. Sobrou para o Juiz Carlos Alexandre.

Entre a jaula e a trela, até hoje não houve quem não optasse pela segunda. Mas a generalidade das pessoas não têm ambições políticas por aí além e são - mesmo os mais teimosos - de teimosia comedida. Sócrates não é assim. E a oportunidade do melodrama surgiu enfim.

Surgiu na forma de um homem que se imola na defesa dos direitos dos cidadãos. Que agora corporiza a resistência dos injustiçados. Sejamos realistas: de um homem que sabe que toda a persecutoriedade (designadamente para com a Imprensa) que caracterizou os seus tempos áureos já foi esquecida.

Surgiu - e esta é a principal questão - na forma de um homem que espalha papeis por toda a parte, chorando o que diz ser o seu julgamento (e condenação) na praça pública. Quando é ele que traz para essa mesma praça pública a audiência onde pretende ser absolvido pelo eleitorado.

Os sonhos de chefia de Sócrates ainda não cessaram. Sócrates desconhece, aliás, o que não seja isso, a política. De outro modo convir-lhe-ia mais o recato, o esquecimento. Como um Duarte Lima, um Dias Loureiro quaisquer.