Tempo de mudanças
Como terá corrido o fim-de-semana transmontano de pesca? De que cor correm as águas políticas? Apenas a II Grande Guerra não terminou ainda, vai agora no quarto livro de Martin Gilbert. O que foi possivel salvar destes alucinantes dias de mudança.
(Escravizante mania, a das colecções. Nada como a Net, apenas, e um desses aparelhos completissimos e à medida da nossa algibeira! Assim o Google tivesse o formato de uma primeira edição qualquer, em boa pele e letras douradas na lombada...).
Contra todos os sonhos e planos, a mudança não foi de retorno às várzeas e matas da meninice. Antes para a cidade, na Provincia, o apartamento até é bem dimensionado, o canário gostou e o gato vai-se habituando à sirene das ambulâncias, a vizinhança comenta - há-de ter sido coisa feia na auto-estrada - porque a auto-estrada não é longe e o gato, decerto com o susto, abre a gaveta das meias durante a noite e remexe a caixa de cartuchos, hoje nada como andar prevenido, a cidadezita ainda assim prima pela calmaria, tem parque e um rio ressuscitado, na fase de aprender a conservar o seu peixe.
Não sobra muito a acrescentar. A vida é isto e o fundamental reside em que residamos e vivamos na nossa independência. Quer dizer, na não dependência, obviamente de alguém. O mais a gente adapta-se, já nem espantam as sirenes das ambulâncias, foi outra vez coisa feia na highway. Corre-nos aos pés o mundo inteiro, outras pescarias transmontanas surgirão, vamos pela highway, a velha star de Ian Gillan e Ritchie Blackmore, lembram-se? A mini-aparelhagem chegou entretanto e já toca, "smoke on the water/fire in the sky"... Velhos tempos, alguém tem aí uma garrafa vazia de Old Parr para um candeeiro, aproveitando um abat jour sobrante?
Uma boa luz essa. Para prosseguir a II Grande Guerra e reler o que Ortega y Gasset escreveu sobre o homem-massa, «sem entranhas de passado».