Arquivos
É um mito, o pó dos "arquivos". A língua pérfida de quem insulta a História de "Passado". Utilizando a linguagem jurídica, nela - na História - não há decisões, consequências, terminais, é de "processos de jurisdição voluntária" que se trata, da vontade e da mão dos homens. Porque esses "arquivos", os do pó, são somente uma paragem analfabeta no curso sem fim em que ontem, hoje e amanhã se confundem sistematicamente.
É um dogma, a ignorância generalizada ante a riqueza dos documentos antigos. E daí a mistificação. A leviandade. A faceta apenas curiosa dos papeis de antanho, como se a sua actualidade não fosse a sua maior riqueza e préstimo.
É uma infelicidade, cada "arquivo" tombado em mãos incapazes de o decifrar. Aliás, por isso a História é o que é - se não a imobilidade, o voyeurismo, apenas; se não o erro, a lacuna abismal. Em suma - e sempre - a indecifrável vida morta.