Verdades do 1º de Abril
Este é um dia - o primeiro de Abril - em que apetece recordar de quantas mentiras se compõe a verdade. O PPD/PSD nasceu social-democrata mas, nos seus conturbados tempos escolares, o bullying marxista-leninista alcunhou-o e injuriou-o de "fascista", "burguês", "capitalista", etc, etc. Mandavam então os próceres da assim chamada "democracia popular" (do que eles são capazes de se lembrar, santo Deus!), até o PS sentia dificuldades em se manter em cima da sela e as concessões ao pluralismo não iam além da Jugoslávia de Tito.
Volvidos 40 anos, a história é a mesma, com algumas nuances. Ainda sobrevivem alguns berradores do "fascismo nunca mais" mas a retórica, de um modo geral, evoluiu. Andou lendo, refinou. O PSD, no dizer da magistratura política da Esquerda, é "neo-liberal". Aliás, se fosse social-democrata seria, curiosamente, de Esquerda. O PS, é claro, teve de criar o seu Muro de Berlim para salvaguardar algum espaço ideológico, espingardando sobre tudo o que lhe possa fazer sombra.
Contas feitas, ninguém é qualquer coisa. Até porque os rótulos ideológicos são apenas isso - rótulos. A governação faz-se por cá e pela Europa em geral sempre do mesmo modo: para sobreviver menos mal. E por cá, particularmente - e infelizmente - para engorda de quem a faz, a tal "classe politica".
Em suma, são os homens, a sua idoneidade e a sua eficiência, o realmente importante. Os antecessores dos actuais - neste pobre Portugal - serviram-se à saciedade dos negócios públicos. Agora, com muita asneira pelo meio, acrescente-se, sempre se vai tentando remediar males antigos. Bom é sermos livres o bastante para apreciar, avaliar e separar com isenção o trigo do joio. É neste sentido que se pode dizer - de Massamá aos boulevards parisienses ainda assim vai uma distância muito grande. Por maior que seja o alarido contra o neo-liberalismo...