O Bolhão num breve traço de justiça
Foi ou é, um dia será talvez. Novamente o velho mercado do Bolhão. Liberto das discussões políticas, somente colorido e pujante. O Passado tem marcas mais pesadas do que os anos. Marca! Assinala a diferença. E reclama.
O Bolhão foi tudo isso. A alegria, o símbolo, a vida, o quotidiano. Agora sustenta-se escorado em promessas e esperanças. Com ele, muita gente se aguenta sob a ameaça do fim.
Permanece um olhar de amanhã. E alguma fidelidade, a dos clientes mais inconformados. A vida aguarda por "quadros de apoio", "fundos comunitários".
(E a toutinegra, a pata atrofiada pela ratoeira, saltitava na ínfima gaiola. Trazida por tuta e meia para um mundo maior onde, ainda assim, não reaprendeu a ser canora, mas voltou a voar em cantinhos esconsos, memória verdejante das húmidas cameleiras do seu ninho).
Há imagens mais antigas, velhas de 40 ou 50 anos. Há realidades incontestáveis - seria tolice ignorar o turismo. Dizem os estabelecidos, não fora ela, era a «desgraça».
E persiste uma identidade à margem dos shoppings ou das lojas gourmet. O Porto, paredes meias com o Minho, representa quase o seu oposto. Mas, tantas as décadas, são-lhe sempre devidas a homenagem e a solidariedade.