Um espectáculo a perder
São sempre catitas os gritos da revolta. E as frases atiradas do cimo do palanque: «A Grécia vira uma página, deixa para trás a austeridade, o medo e cinco anos de humilhação»!!! A euforia é de Tsipras, o Grande.
A Grécia está, pois, salva da austeridade. E não só: festeja o triunfo da «Europa da solidariedade», erguendo o punho ao som dos hinos guerreiros da Internacional Socialista. Comentário de um destes novos cruzados, apanhado pela imprensa: «primeiro tomámos Atenas, depois será Madrid e a seguir Lisboa»...
Em suma: a odienta Troika tem os dias contados. A Troika é já cadáver (a gente também embala nisto dos slogans, na tolice dos comícios) e a Grécia conhece novamente a primazia no mundo mediterrânico.
Somente nos escapa o alcança desta longa, enigmática, profecia de Tsipras o Grande: «o novo governo grego estará preparado para negociar e cooperar com os nossos sócios de forma a encontrar uma solução justa para que a Grécia saia do endividamento e volte à coesão nacional».
Então o novo governo grego ainda não está preparado para negociar?
E dispõe-se a negociar com quem? Com a Troika? Mas a Troika é maligna, não negoceia, rouba e assassina! Dr. Louçã, sempre vai encabeçar o próximo Executivo? Não? Nem de mão dada com o Dr. Costa?
Provavelmente alguns mais distraídos não repararam ser este filme um remake do Pasok, o Libertador, com outros efeitos especiais; foi um desastre de bilheteira em França, mesmo intitulado Hollande, o Grego; e se não nos pomos a pau a odisseia chega cá, mais hard core do que nunca.