Antes de ir e regressar
Santa Catarina descia a rua quase num trambolhão desde o Marquês. Ainda antes da desgraça que atingiu este e da Praça Jimi Hendrix a desterrá-lo, não sei para que pombais. Sim, sente-se bem o peso da idade, eramos muito novos e os Por-fi-rios um sonho distante, porventura tanto quanto as gloriosas Lewi's da nossa eternidade na terra. Porquê Santa Catarina, já frenética e ainda afastada da capela das Almas, e foliona, despesista, consumista, musical, quase cosmopolita, no chegar a Santo António, a Santo Ildefonso, nas vésperas da Batalha? Nesse tempo, é claro. No tempo dos LP's, das colecções, da pastelaria depois do consultório médico. E do trânsito nos dois sentidos, dos eléctricos e dos autocarros verdes...
Agora, à cota mais alta, é como se um glaciar embranquecesse de mutismo Santa Catarina. Cá para baixo, obrigada a andar a pé, mais vagarosa - mais cansada, mais pobre - sobrevive. É visitada, talvez até venerada por gente de longe. Toma um café, observa, dessedenta-se em esplanadas.
Mas os LP's e os Por-fi-rios já ninguém recorda onde eram. Como cinzas que se soltam do cendrário.