Barcelos, a "Princesa do Cávado"
Aquele café em Barcelinhos dizia tudo sobre um Tempo estático, a sorver caracóis ao balcão ou na esplanada, em volta de um copo muito torneado, da medida da caneca, meio de cerveja e palração. A tarde ainda havia bastante que contar... Mas a travessia da ponte foi a transfiguração. Barcelos invocava-se a vila que Duarte d'Armas desenhou, toda medieval. (Agora cidade, não vá alguém ofender-se...). O berço de sempre, porém. O primeiro berço, o mais importante, dos muitos berços em que a vida se vai compondo e descompondo até ao berço final do regresso à mãe terra. Barcelos é um chamamento altissimo, como em todo o Minho não oiço outro. Ecoando no granito da Colegiada e do Solar, assobiando nas frechas das ruinas do Paço. E folgando muito, quase à moda dos folgares de Fernão Lopes cronista, em volta da Torre até ao Largo do Apoio, a parecer as Cruzes todos os dias.
Como em tão curto espaço de algumas, poucas, esquinas, corre tanta História, tanto Tempo, tantos segredos da vida por tantos tão ciosamente guardados!