Sobre a nova moda do Panteão
António Lobo Xavier, numa recente Quadratura do Círculo, questionava com muita argúcia, a propósito das programadas novas levas para o Panteão Nacional, qual o critério de escolha dos "heróis" que presentemente lá jazem. Porquê Aquilino, Guerra Junqueiro, João de Deus, Humberto Delgado, o Marechal Carmona ou Sidónio Pais e Teófilo Braga?
Evidentemente, o decurso da conversa não pôs em causa o lugar que no Panteão ocupam Nuno Álvares Pereira, o Infante D. Henrique e Pedro Álvares Cabral e Afonso de Albuquerque. Essas figuras de proa na História lusa, por enquanto, permanecem intocadas...
No mais, ressalta a proeminência do critério político na "eleição" dos dignitários. Sirvam de exemplo os quatro Presidentes da República para lá trasladados: Manuel de Arriaga e Teófilo, Sidónio Pais, Carmona.
Estamos na iminência de mais uma acalorada discussão...
As razões de escolha confundem-se, quando, precisamente, as águas se deviam clarificar.
Se se há de atender à popularidade dos escolhidos - então Eusébio tem lugar garantido no Panteão.
Se vamos mais pela notoriedade - pois reconheça-se a ser justo convocar Saramago, outro nome já referenciado.
Se, finalmente, atendermos à essencialidade - Sophia de Mello Breyner Andresen há muito devia lá estar.
Mais. Se atendessemos à essência da pessoa em vida e da sua obra - essência esta que é a da alma da Nação - as paixões políticas que determinaram tantas opções já concretizadas haviam de ser rectificadas e tolhidas de futuro. Porquê Junqueiro, um panfletário, porque não Camilo, um génio da literatura? Ou Antero? Ou Eça e Ramalho?
O que pretendo dizer é, tão-só, ser Eusébio, sem dúvida, um dos portugueses mais populares dos últimos tempos. Ponto. Saramago um nome notório, mais não seja (ou apenas) pelo Nobel que lhe foi atribuído. Ponto. E Sophia alguém que nem será conhecido da maioria dos portugueses de hoje os quais Ela, brilhante e grandiosamente - essencialmente - soube conhecer, interpretar e simbolizar.
Ignoro em que ficará a história do Panteão Nacional. Mas algo me diz, a continuar o País a ser comandado pelos jornais, redes sociais e partidos à caça de votos, entre os vivos (e oxalá o sejam por muitos e bons anos ainda) o próximo candidato será CR7. E talvez mesmo José Mourinho...