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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Os estaleiros de Viana

João-Afonso Machado, 29.11.13

Viana do Castelo vive entristecida com o anunciado encerramento dos seus estaleiros navais, os maior dimensionados da provincia minhota. É natural. Naturalissima é, também, a angústia das centenas de trabalhadores sofrendo o flagelo do desemprego à vista.

Certo é, todavia, os estaleiros de Viana há muito haviam praticamente parado. Conforme o testemunho dos próprios visados, nos derradeiros dois anos entretinham-se em bricolage ou vendo televisão e jogando cartas. Quando não aproveitavam esse vazio laboral para exercitarem o footing!

São do conhecimento geral algumas histórias rocambolescas, entre as quais pontifica a encomenda - depois recusada - de um iate destinado aos amigos de Sócrates na Venezuela...

O problema dos estaleiros era - é! - a falta de «clientes», chamemos-lhe assim.

A sua privatização - muito contestada pelos do costume - seria ainda uma solução. O auxílio financeiro que a operação reclamava foi depois recusado pela UE, na sequência de uma investigação às suas contas no período compreendido entre 2006 e 2011, na qual se chegou à conclusão que ajudas públicas no montante de 181 milhões - alguém se esqueceu de as declarar à Comissão Europeia!

A paralisação não podia continuar. O concessionamento dos estaleiros há-de ter sido a solução menos má.

A nova entidade parece assumir o compromisso de reempregar os antigos trabalhadores. A serenidade devia imperar, tal qual a esperança em dias melhores e na retoma de encomendas. Não fora a sinistra presença das forças sindicalistas. O  que fizeram elas pelos trabalhadores?

 

 

Jantar dos Conjurados em Famalicão

João-Afonso Machado, 28.11.13

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É uma tradição já de longos anos por todo o País: a comemoração desse célebre repasto que juntou os 40 conspiradores obreiros da Restauração da independência nacional em 1640.

Inicialmente a realizar-se em Lisboa, presidida pelo Chefe da Casa Real portuguesa, o Duque de Bragança. Depois, ramificando-se pelas principais cidades com destaque para o Porto, Coimbra, Braga e Viana.

Alinhados os monárquicos em associações distritais, ultimamente têm as duas minhotas organizado um só evento, conjuntamente.

Este ano, pela primeira vez, o Jantar dos Conjurados das Reais Associações de Braga e Viana decorrerá em V. N. de Famalicão.

É no próximo sábado, já depois de amanhã. Esperamos apareça muita gente. No restaurante Páteo das Figueiras, na freguesia de Gavião.

 

 

Decréscimo do desemprego (8,34%) aqui na terra

João-Afonso Machado, 27.11.13

São dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP): em 2013, o desemprego diminuiu 8,34% em relação ao ano anterior, no concelho de V. N. de Famalicão. Todavia - e de acordo com o transmitido pela Imprensa - a Câmara Municipal, reconhecendo a «tendência positiva» manifestada por estes indicadores, não lhes atribui ainda outro significado senão esse mesmo: trata-se apenas de meros indicadores. Acrescentando - «são os números que temos, mas não são ainda os números que queremos ter».

Explicações para o facto: cerca de 67% dos colocados no mercado do trabalho pelo IEFP conseguem manter o seu posto; e o sector textil, tradicional na Região, está em «ressurgimento».

(Assim os nossos rios não sofram com isso...).

De enfatizar, também a redução do desemprego jovem em 7,48%. Tudo conduzindo à conclusão que uma autarquia bem gerida pode ser meio caminho andado. E que o Poder Local ainda vai ensinar em muito o Poder Central. Que o mesmo é dizer, a acontecer o «ressurgimento» nacional, ele há-de vir de baixo para cima.

É o que a discussão sobre a «reforma do Estado» não pode ignorar.

 

 

O lendário Barbadão e a realidade dos Pinheiros

João-Afonso Machado, 27.11.13

SOLAR PINHEIROS.JPG

Fernão Lopes não esquece, na Crónica em que biografa o reinado de D. João I, a figura de um Pedro Esteves, o inconformado pai de Inês Pires, de cujos amores com o monarca nasceu o futuro Conde de Barcelos. Digníssimo e nada envaidecido com a afinidade assim criada, Pedro Esteves toda a vida demonstrou o seu desagrado face à dita ocorrência, tendo mesmo deixado crescer barbas enormes e venerandas, como sinal perpétuo de honra afrontada e incapaz de perdoar. Não obstante, o Rei sentia admiração pelo ancião, motivo porque um dia se abeirou dele, a cavalo, e lhe perguntou - «não havemos de acabar com esta melancolia?». Ao que o furibundo Pedro Esteves respondeu - «Sim, quando eu acabar convosco primeiro!». E indo em direcção a D. João I, conta Fernão Lopes, este optou por largar a galope...

Parece que lhe chamaram - a esse Pedro Esteves - e por razões obvias, o Barbadão. Assim como houve outro, mais ou menos contemporâneo, um alentejano sapateiro, o Barbadão de Veiros.

Acontece um outro Pedro Esteves ser figura de proa na história barcelense, legista e membro do Conselho de D. Afonso V. E o marido da «sempre formosa» Isabel Pinheiro, do Solar dos Pinheiros, alcaides desta vila. Foi o filho e sucessor de ambos, Álvaro Pinheiro Lobo, quem ordenou a construção das enormes torres desta casa, na cornija de uma das quais, a do lado nascente, foi posta a enigmática cabeça barbuda parecendo gritar de fúria. Assim nasceu o Barbadão de Barcelos e a confusão.

Evidentemente, esta mencionada figura nada tem a ver com os anteriormente referidos. A questão está em saber o que faz ela ali.

Alvitrou-se representar a danação de Álvaro Pinheiro Lobo por não poder erguer as suas torres - símbolo de poderio - mais altas do que as do ora arruinado Paço ducal, ali ao lado. Mas o Alcaide não iria tão longe, não parece desafiasse assim o Duque «nosso Senhor».

Um seu descendente, Henrique Pinheiro Lobo de Meneses, terá descoberto a explicação daquela adorno. Por essa altura, vagara um lugar entre os cónegos da Colegiada de Guimarães. O seu Dom Prior, Diogo Pinheiro (irmão de Álvaro Pinheiro), escolhera já o substituto, mas o alcaide vimaranense, D. Diogo Lopes de Lima (dos Viscondes de Vila Nova de Cerveira) insistia em outro pretendente, mais do seu agrado. E porque ambos - o Alcaide e o Dom Prior - não fossem pessoas de feitio fácil, a contenda começou a ganhar foros de manifesta violência. Limas e Pinheiros reuniram as suas gentes e os seus familiares e amigos e prepararam-se para resolver a coisa à moda antiga. Eis senão quando intervem o Arcebispo de Braga, D. Diogo de Sousa, pondo ordem na região, já em pé de guerra, e decidindo a favor de D. Diogo Pinheiro.

Entusiasmados por esta sua vitória face aos poderosos Limas, os Pinheiros desafiadoramente esculpiram aquela máscula figura barbada na torre do Solar, precisamente na sua face que aponta para Guimarães.

Assim o Barbadão ficou no memorial dos Pinheiros - nos ainda hoje donos do Solar; e nos da Casa de Pindela, seus primos, onde debita água para o enorme lago na mata e cuida que as criancinhas não se aproximem das suas bordas desguarnecidas, não vá suceder alguma desgraça.

(- Meninos, ninguém vai para o lago, que o Barbadão pode aparecer e levar algum para o fundo... - isto durante gerações e gerações).

E, acompanhando a Família, o Barbadão alcançou ainda Lisboa e Cascais, na companhia do ramo Arnoso da Casa de Pindela.

Dixit

 

 

Das "Memórias de um Átomo"

João-Afonso Machado, 26.11.13

«A noite promete ser longa. Senão mesmo a noite das facas longas. O Governo - segundo os últimos informes - trepou ao Castelo e pôs os ferrolhos às portas. Aliás, por ordem expressa do "Vice" Portas, antes mesmo que o nosso 1º Passos Coelho se pronunciasse. E o helicóptero transportando o Presidente Cavaco é esperado a todo o momento, dada a gravidade da situação e a necessidade de a submter ao veredicto do Tribunal Constitucional.

A questão está, precisamente, segundo os entendidos, em saber como fazer chegar ao TC a imprescindivel exposição do Supremo Magistrado da Nação. Porque os sindicalistas ocupam já os Ministérios da Economia, das Finanças, do Ambiente e da Saúde, armados até aos dentes com ferozes cartazes de «Abaixo o fascismo!». Não há por onde fugir, já não há sequer chaimites onde fugir.

Angustiadamente, os governantes envolvem Miguel Macedo e imploram pela comparência da Polícia. Mas a Administração Interna é defunta. A Polícia anda por aí, explica o Ministro, não se sabe bem para que lados. A Polícia, enfim, já fez saber que não se envolverá em guerras fraticidas. E a multidão sindicalista ruge lá em baixo, ameaçando subir, em qualquer altura, a Costa do Castelo. Por falar em Costa, da varanda onde há um século foi proclamada a República, alguém jura ter visto o Presidente da Câmara lisboeta sorrir sinistramente.

O terror apossa-se dos sitiados. Maria Luís Albuquerque alvitra se sorteie quem caiba no helicóptero do Cavaco e logre fugir. - As senhoras primeiro - acrescenta. A ministra Assunção Cristas aplaude a ideia e Portas resmoneia que isso das cortesias já era. Pires de Lima afirma, alto e bom som, que fica e resistirá até à chegada dos nossos aliados da União Europeia.

Assim o povo da capital aguarda expectante a génese da IV República, para telegrafar ao País a novidade. Mas... será ela, a IV República, melhor do que as antecedentes?

Aguardemos, atentamente, o desenrolar dos acontecimentos».

 

(Por cortesia do meu Amigo J. da Ega, a quem mui grato sou.)

 

 

Eanes

João-Afonso Machado, 25.11.13

No passado sábado, em colóquio a que já fiz referência, tive o gosto de interpelar o General Pezarat Correia após a sua comunicação. Em termos sumários, dois pontos marcaram a minha discordância do seu ponto de vista, esclareça-se que incidente sobre a violência entre o 25 de Abril e o 25 de Novembro: queria o Senhor General a violência partiu das forças contra-revolucionárias; queria o  Senhor General, também, o MFA soube gerir o conflito e manter a barcaça no seu rumo, sem adornar nem à esquerda, nem à direita.

Lá tive de pedir o microfone para lhe lembrar que, aqui na terrinha, a sede do CDS foi desvastada em Março de 1975, e a do PCP somente em Agosto seguinte, depois de muitos atropelos dessa minoria à liberdade dos meus conterrâneos.

E, já agora, recordei ao Senhor General, no tremendo episódio do ataque ao bastião comunista, duas pessoas tinham morrido - ambas baleadas por militares entricheirados lá dentro, junto dos "sitiados". Já agora, também, na antevéspera do 25 de Novembro, um seu camarada de armas almoçara cá, em conhecido restaurante, com um grupo de civis, no intuito de assegurar todas as defesas possiveis face à ameaça de uma guerra civil.

Era um oficial absolutamente ligado e da confiança do Grupo dos Nove, e os ditos civis, na altura pulando a fronteira, ora na Galiza, ora em território nacional, se calhar pertenciam ao «famigerado» ELP. Tudo isto conforme indicações que o mesmo me forneceu.

Narro o episódio, desde logo porque soberanamente me irrita o falsear dos factos históricos. Se houve contra-revolução foi porque houve necessidade de ter mão nos excessos da revolução. Do PREC.

E acho-o não despropositado na justa medida em que hoje se homenageou o General Eanes. Um homem que eu fui aprendendo a admirar. Afinal - ou finalmente... - uma entidade séria nesta nefanda República. Que sem grandes ondas, desprezando o protagonismo, ainda agora apela ao «norteamento ético» das nossas gentes. 

É que podia aproveitar a deixa para questionar se os governantes... espera-os ou não o marmeleiro pelas costas abaixo.

É assim, pá! Não é, pá?

 

 

Sobre as proezas da I e da II Repúblicas...

João-Afonso Machado, 23.11.13

 

A figura do Comandante nos cartazes obrigou à comparencia. Não se desse o caso de as comparações serem de mau gosto...

Mas não. O colóquio decorreu interessantíssimo, as intervenções dos diversos historiadores revelou-se isenta, lúcida e, na parte que seria mais de acautelar, a Monarquia não foi denegrida. Para isso, lá estivemos, no momento dos debates, com memórias e argumentos bastantes, desses que obrigam os oradores e a assistência a abanar a cabeça para cima e para baixo, em incontornável sinal de concordância.

Tratou-se de mais uma iniciativa da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão. Terra onde monárquicos e republicanos convivem em paz por todos os motivos e, se calhar principalmente, porque se cuida de apurar a verdade dos factos históricos.

O resto é com as convicções de cada um.

 

Teatro na Provincia

João-Afonso Machado, 22.11.13

Não é de agora a interrogação - porque Nietzsche não integra o fadário dos publicistas oitocentistas contra tudo e contra o Regime nacional, a Monarquia, em especial? De algum modo, esta peça - Eis o Homem - inspirada no seu Ecce Homo, respondeu à questão.

Sobretudo porque as perguntas do Homem, perante alguém - o Criador? - eram insuportáveis. Em total avalanche, numa teia que caía e levava consigo os dramas profissionais, familiares, pessoais, sociais, no fatal embrulho em que todos se entrecruzam, o enredo seria demasiado para quem não iria além da tontice da Revolução Francesa.

A Demagogia jamais penetraria na crítica à moral ou no eterno retorno de Nietzsche. Muito menos na equivalência entre a Política e a decadência humana. Por isso seguiu ao lado.

A peça, levada ao palco na Casa das Artes de V. N. de Famalicão, prima por obrigar à reflexão. Actores: José Eduardo Silva e Adolfo Luxuria Canibal. Bracarenses....

Vale, realmente, a pena. Mesmo porque, pouco me impressionando os aforismos de Nietzsche, um ficou verdadeiramente lapidar - «cada pessoa tem de escolher quanta verdade consegue suportar».

Não pode haver mais perfeita medida da vida para todos nós!!! 

 

 

 

 

Mário Soares à margem da Lei

João-Afonso Machado, 21.11.13

Há um mito na infelicíssima politica nacional que urge desmontar: Mário Soares não "salvou" o País, em 1975, da tirania marxista-leninista. Limitou-se apenas a cavalgar a onda do descontentamento popular, valendo-se da sua longa experiência no campo da oratória, colhendo daí os seus frutos  - um lugar ao sol nos decénios seguintes em que pontificou na governação das nossas gentes.

O verdadeiro Mário Soares não é outro senão uma réplica de Bernardino ou de Afonso Costa: partidocrata, demagogo e longevo. Incapaz de algo mais do que viver de e para a Política. Correndo o Mundo, gozando a vida de cargo em cargo, de função em função, servindo-se da coisa pública muito mais do que a servindo, como era suposto ser.

E, como Bernardino e Afonso Costa, apaziguador, dialogante ou radical conforme para onde apontem os holofotes da ribalta.

Presentemente - assim se tem vindo a notar - para a agitação popular. Numa atitude que permite a seguinte formulação jurídica:

A Constituição da República Portuguesa (CRP) - a vossa, senhores republicanos! - proíbe alguém seja previlegiado ou beneficiado em razão da sua condição social (art. 13º, 2), devendo as infracções cometidas no exercício do direito de livre expressão ser submetidas aos princípios gerais do Direito Criminal (art. 37º, 2).

E, neste domínio por último referido, o Código Penal (CP) prevê a punição de quem, através da Comunicação Social, provocar e incitar à prática de crimes (art. 297º) ou à alteração violenta do Estado de Direito (art. 325ª).

Ora a conduta de Mário Soares nos últimos tempos enquadra-se perfeitamente na estatuição dos referidos normativos legais, quer os da CRP, quer os do CP.

Porque a atenção de que Mário Soares é merecedor por parte da Imprensa resulta apenas da sua condição social de venerando marechal político aposentado (que, aliás, não o é). Porque Mário Soares abusa do tempo de antena que lhe é concedido para as suas habituais diatribes contra os governantes que o povo escolheu em eleições livres, valendo-se do eco produzido por esse mesmo seu estatuto na sociedade. Porque, enfim, os seus avisos sobre o perigo da violência popular não são mais do que ameaças (quase nada) veladas de ofensas à integridade fisica de pessoas em que põe mesmo o nome - o Chefe do Estado e os Ministros em exercício.

Ameaças essas, insiste-se, tão mais notórias e estimulantes quanto é certo partirem deste "pai" ("padrasto"?) da democracia.

Aguardemos pela entrevista televisiva de logo mais, para percebermos se assim não é.

 

 

 

"Tarefas"

João-Afonso Machado, 19.11.13


Arrumo-te, prateleira,

como gostaria de organizar

a vida.

Ali

a ciência certeira,

aqui

enredos vários, num agitar

de fantasia.

 

Por fim,

o iniciático lugar

da verdade oculta

na poesia.

 

 

 

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