Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

"Futurando"

João-Afonso Machado, 31.10.13

O verso perfeito

fá-lo-ei um dia

do tempo sem hora

e predicado

 

apenas sujeito,

meu rei, minha escora,

caminho andado

estrada fora.

 

(E a palavra terna solta

virá lavrada

num abraço, eterna,

quando a tiver de volta…)

 

 

Notícia do Professor Bambo

João-Afonso Machado, 31.10.13

Senegalês, a Portugal arribou há cerca de 10 anos. Era visto em tudo quanto cheirasse a jornal, e creio mesmo não lhe foi recusado um programazito nas televisões da madrugada. Gordo, barretina na cabeça, negro como um tição embrulhado em balandrau branco. Todos se lembram - do Professor Bambo.

Um artista da estirpe dos Karamba ou dos Fofana.

Mas, de há tempos a esta parte, desapareceu completamente. Sobretudo da publicidade tablóide, onde ocupava anúncios opulentos, espampanantes. Indicando múltiplos contactos telefónicos e consultórios de Melgaço até Faro.

Agora soube-se o que aconteceu. O Professor Bambo foi acusado de uma colecção de crimes de extorsão ou coacção e julgado no Porto. Mais precisamente por, após as suas consultas salvifícas custando a insignificãncia de 40 euros, vir sugar, por meios tremendos de atemorização, verbas exorbitantes e ruinosas aos seus clientes.

Tudo indica ser-lhe-á suspensa a execução da pena em que irá condenado. Mas a Magistrada do Ministério Público endereçou-lhe uma salutar recomendação, aliás em forma curiosa e dignamente expressa: «deixe este País empobrecido. Já nada temos para lhe oferecer»!

Ainda assim, a publicidade dos jornais continua a ser elucidativa: naquelas páginas a quadradinhos coloridos e desbundados, num cantinho mais recatado, a horda dos videntes surge invencível. Alguns anónimos, cautelosamente contactáveis por telemóvel apenas; outros fazendo reclame às claras: o Mestre Sila, os Professores Mumiro, Soriba, Conte e Suaré.

(Este último, em especial, assusta decuplicadamente...).

E se os governantes querem legislar para além do Orçamento e premencias quejandas, porque não atentar neste género de baratas a parasitarem quantos apartamentos Portugal fora?