No mais puro sotaque colonialista, direi que as recentes afirmações de José Eduardo dos Santos mereciam um bom par de dias a pão e água (isto é, sem lagosta nem whisky). Sobretudo quando se atreve a queixar-se de que os portugueses levam de Angola «milhões de dolares».

Os portugueses, é bom seja dito, começam por ter culpa nenhuma da falta de visão da II República e do que não se fez e podia ter feito para, com todo o respeito pela autonomia e independência dos africanos, se fomentar um mundo realmente irmão. Outrossim, ninguém pode imputar ao povo português a desastrada descolonização levada a cabo pela III República, e a guerra civil, os cubanos e as minas que lhe sucederam.

Os portugueses até consentiram José Eduardo dos Santos e a sua prendada filha começassem investindo por aqui, rumo à fortuna imensa que acumularam já.

E se principiaram a emigrar para Angola tal decorreu dos insistentes pedidos das autoridades de lá, absolutamente destituidas de quadros e competências.

Enfim, se estão em Angola a trabalhar é justo serem remunerados.

Mas talvez já não o seja a corrupção que os persegue, os «milhões de dolares» que vão deixando nas mãos de uma espécie de polícia muito frequente, pelo menos em Luanda, que se cobra assim para não se pôr aos tiros de metralhadora sobre os seus automóveis. A pretexto, por exemplo, de que os pneus estão carecas...