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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Recado

João-Afonso Machado, 12.10.13

Na verdade, não sei como escrever estas linhas. A saudade cansa e faz sede e elas estão sequiosas e saudosas. De ti. E eu... assim tão longe, cada vez mais longe, também eu vou enfiando uns copos de coca-cola para não entrar em abusos de maior monta. Pronto, sem outros rodeios, a saudade ronda-me a porta, lá a vou enxotando, elas comigo, os três sem olhar para trás. Olha, acabo de receber uma mensagem de um amigo: partimos esta madrugada, será uma longa viagem no fim da qual espero haja perdizes. Sinceramente, antes as perdizes do que o cabrito com arroz de açafrão já encomendado para o almoço. Se vão as duas? Não, a Mécia é ainda muito nova para estas manobras. Resta-lhe esperar que é o que todos vamos fazendo na vida: quanto mais não seja, o dia derradeiro, a grande, imensa viagem final. Até lá, mau já não seria esperarmos um pouco de compreensão e... esperança. Esperar a Esperança! Não creio seja uma redundância, sabes? Como não será contraditória a despedida com um beijinho grande que, se não for uma papagaiada, é decerto muito maior do que um beijo apenas, seco e inexpressivo, um som imprestável vindo do outro lado do telefone ou uma grafia sobre papel quimico com muitos e muitos anos de uso.

 

Arménio, o sindicalista dandy

João-Afonso Machado, 12.10.13

ARMÉNIO CARLOS.JPG

O homem, goste-se ou não dele, merece admiração. Faz rapidamente esquecer Carvalho da Silva, o licenciado a caminho do mestrado (se não mesmo do doutoramento), mais o seu discurso redondo, eivado de considerações buscadas nos manuais que, percebia-se andava estudando.

Arménio Carlos não vai cá em teorias. O mais garantido empregado de Portugal (o chefe dos sindicalistas mais à esquerda), faz por merecer o estatuto e as contrapartidas. Na rua, de megafone em punho e polo da Lacoste (não creio contrafeito), no estudio da televisão de blaser de bom corte e gravata a condizer. E sempre com um discurso acesamente político, a jogar o esconde-esconde com a verdade.

Ainda agora, quando entrevistado sobre a marcha sindicalista através da Ponte 25 de Abril (como é conhecida agora a Ponte II República), a 19 de Outubro: se não há problemas em dia de maratonas - questionava -  porque os temer nesta manifestação vinda da outra banda?

Claro que os problemas são esperados justamente no termo da travessia. A malta vem de sul para norte ao quê?

Esperemos, não para comemorar a célebre "Noite Sangrenta" e a "Camioneta Fantasma" do famigerado Olimpio "Dente de Ouro", também em 19 de Outubro, mas de 1921, no auge da I República.

Aqui há uns anos, o socialista Dr. Almeida Santos saiu-se com uma calinada célebre: aquela de que, sem a dita ponte, Lisboa ficaria isolada do Alentejo (pelo menos). Não é verdade. Mas, se calhar, em 19 de Outubro, dava jeito que fosse.