Recado
Na verdade, não sei como escrever estas linhas. A saudade cansa e faz sede e elas estão sequiosas e saudosas. De ti. E eu... assim tão longe, cada vez mais longe, também eu vou enfiando uns copos de coca-cola para não entrar em abusos de maior monta. Pronto, sem outros rodeios, a saudade ronda-me a porta, lá a vou enxotando, elas comigo, os três sem olhar para trás. Olha, acabo de receber uma mensagem de um amigo: partimos esta madrugada, será uma longa viagem no fim da qual espero haja perdizes. Sinceramente, antes as perdizes do que o cabrito com arroz de açafrão já encomendado para o almoço. Se vão as duas? Não, a Mécia é ainda muito nova para estas manobras. Resta-lhe esperar que é o que todos vamos fazendo na vida: quanto mais não seja, o dia derradeiro, a grande, imensa viagem final. Até lá, mau já não seria esperarmos um pouco de compreensão e... esperança. Esperar a Esperança! Não creio seja uma redundância, sabes? Como não será contraditória a despedida com um beijinho grande que, se não for uma papagaiada, é decerto muito maior do que um beijo apenas, seco e inexpressivo, um som imprestável vindo do outro lado do telefone ou uma grafia sobre papel quimico com muitos e muitos anos de uso.