A voz dos olhos
Não fales aos saltos, Mécia. E tu, Tareja, pára um pouco, lembra-te da tua mãe e daquelas suas mansas palavras. Pobrezinha, julgo ser a primeira vez que a invoco, depois do seu desaparecimento, ah!, soubesse eu quem a levou, um javali não ficaria mais furado...
Foi um belo início de tarde, cachopas. aquele solzinho nos degraus, as cabriolices da Mécia - nunca mais ganhas juizo! - a esquiva meiguice da Tareja, as ideias sempre a boiar no tanque dos peixes, mas que diabo de vício, para o que havia de te dar!
Não fora ter de regressar ao trabalho... carregado de beijos teus, Mécia! (E de muita festa tua, Tareja, eu sei...).
Ouvimos a máquina a cortar o milho no campo maior. Sábado, hão-de restar apenas uns troços e bocados de espigas caídos do atrelado do tractor. Um banquete para as perdizes! Elas têm voado por aí. Sábado o engodo não falhará, de certeza. Toca a desentupir esses narizes, cachopas! A volta promete.
E teremos um dia inteiro para conversar. Como antigamente com a querida Minês... Com os olhos e as lágrimas e muitos beijos, tanto meus como vossos. Vai ser dificil esperar até lá! Sobretudo porque não existe outra linguagem que melhor se entenda.