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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Avieiros

João-Afonso Machado, 03.10.13

A explicação simplesmente encantou-me. Avieiros!!! Eu não calculava, mas... gente oriunda da Vieira de Leiria, gente da pesca, necessáriamente. Parece que, ou por comboio - foi em finais do século XIX - ou mesmo via marítima, chegaram ao Tejo, onde se fixaram nas margens até à Azambuja. O que teria sido a passagem do Búgio a bordo! O mundo inteiro há-de ter sofrido... Eles também, é claro, registos de acidentes é o que falta para estabelecer o entoar próprio da migração. O certo é que a pesca não chegava nos longos meses do mar mais rebelde.

Os pescadores trazem consigo sempre as cores próprias do infortúnio e da esperança. Trazem devoção e esperança e uma vida parca. E habituados a uma existência madrasta, invocam santos e a Mãe Santa. E sobrevivem.

Fui encontrar os derradeiros vestígios desta saga na Póvoa de Santa Iria. Numa extensão da Lisboa cidade das fábricas e armazéns, algures entre dois mamarrachos, entre os caminhos bravos que levam ao silêncio do Tejo acossado. Como se um carreiro e uma transfiguração. Eles estavam lá!

No silêncio do cenáro fotografei. Amanhã poderá ser tarde. Tudo é tarde neste Portugal que desconhece a alvorada seguinte.

Agora, é um prazer saber que há ainda quem viva do rio. De um "mar" imenso que o juizo não garante se não transforme noutra imensa porcaria. Muito se pode fazer, porém. Até deixar que nada se altere...

Atentemos na sorte dos descendentes dos pescadores de Vieira de Leiria. Os avieiros.