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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Parti...

João-Afonso Machado, 28.09.13

Outono já e a apanha do fruto deixada esquecida, esvaindo-se em ausências de vontades e forças, não, assim não. Custou. Sangue a espirrar-me do espírito onde gritava a certeza da partida. O mais seria apodrecimento.

Ou o alinhavar de alguns versos, toda a tristeza tem o encanto da saudade. Mas já o comboio apitava nessa viagem em que a carga serão tantas recordações, as melhores de uma vida, e o destino um encontro, três palavras em que resumo o silêncio da derradeira presença. Quando for, assim a mochila tome a marcha dos trilhos e deixe para trás a turvação do futuro. Porque não sobrou tempo para mais.

Adivinho-te a constância segura dos dias. Pesa-me um coração dorido, quanto se me solta a liberdade da alma.

E chove, muito continua a chover entre o céu e os meus olhos. Mas parti, as costas direitas, obrigando a vontade a esse passo de marcha por que a existência não pára.

Parti, apenas. Para longe de todos os sentimentos a caducarem árvores abaixo. O que ficou, sossega, é intemporal, sequer precisa exprimir-se como antes vivemos e jurámos viveriamos sempre. Ficou um abraço, um pensamento imaculado e pronto.

O que ficou não se engana nem magoa. E o comboio já se adivinha na longa recta dos carris. Adeus, não há bem que não te deseje!