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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

A propósito de liberdade

João-Afonso Machado, 16.09.13

Caminhava espantado entre os primeiros sopros outonais. O grande mistério desse quase silêncio vivia nos passos repentinamente só seus, sem outros a ritmar consigo as horas e os dias da existência. E ecoava ainda, em si, aquela interrogação de ontem, se também carregava sobre os seus ombros o peso massacrante da reflexão.

Gozou o momento de algumas folhas pairando no ar. Mais a agitação, o magote de gente ao longe. Nunca fora de exuberâncias, ainda carpinteirava a defenição de felicidade, ali tão aplainada pela súbita e tranquila envolvência da solidão.

Conhecia quão pensava o mundo. Quão media o sofrimento e lhe sugava o proveito de uma ou outra ideia com valia. A rotina, mais o sossego que diziam proporcionar, era somente uma ilusão. Por isso aceitava de boamente não ser, em regra, compreendido. Assim ocorreria sempre, pelo menos para os submissos das vinte e quatro horas do dia. Não, além dessa mera circunstância do tempo, jamais lhe tirariam o espaço sem limites do ideal e a intransigente construção do impossivel.

(Tremeu então, não por efeito do frio: ainda não lograra distanciar-se de esporádicos acessos de mau humor, mancha indelével da sua participação em coisinhas. Essa uma aprendizagem inegligenciável...).

Por isso aquelas suas dores de costas, carpinteiro de utopias, breve cessariam, assim surgisse outra irrazoabilidade a que se dedicar.

Contando não mentisse nem esquecesse compromissos. Exactamente por se recusar vergar ao pragmatismo.