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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

No outro lado daquele estranho mundo

João-Afonso Machado, 06.08.13

Não se trata de terçar armas pelo campo contra a praia: também os areais são convidativos, sobretudo se não sobrelotados. A querela estabelece-se em outra dimensão, a do mundo mundano versus a vida simples.

Porque o que salta para a televisão e revistas da especialidade são, precisamente, esses espaventosos momentos em que algum governante poisa o rabo em qualquer praia mais a sul, ou os craques da bola e as carinhas larocas das apresentadoras, actrizes e similares acorrem a festas complicadíssimas onde somente se percebe que o importante é parecer, muito mais do que ser.

Por aqui, a piscina nasceu de um tanque de rega, enchida pelo esforço de um minúsculo ribeiro. A água ainda há-de chegar para dessedentar o milho circundante...

E a satisfação é geral e barata. No declive, a marginar o campo, alargam-se as mesas de granito onde as gerações minhotas mais velhas se saciam de sombra e farneis bem providos, a tarde toda em gozosa conversata. A rapaziada, que entretanto aprendeu a nadar, já não dispensa o fato-de-banho e dá-lhe o uso adequado. Mais além, um centenário moinho, inteiramente recuperado, proporciona outro toque de pitoresco e da beleza rústica da região.

No fundo, o que sobressai é a tendência da classe política para, até em férias, se revelar distante, inacessível e emigrada em um desconhecido planeta. Cujos satélites são, normalmente, os endinheirados de ocasião e aspirantes a tal. Assim, como é evidente, haverá sempre um abismo enorme entre nós e eles, esse mesmo fosso que no distrito eleitoral se chama Abstenção