O genocídio nos rios portugueses
Chegaram os imigrantes, vindos dos quatro cantos do mundo. E invadiram os nossos rios, onde agora se fala sobretudo francês: são os gardons, as ablettes, as sandres (ou as sandras!, à nossa maneira)... e os góbios, os lúcios, os luciopercas, as percas-sol! Isto tudo onde antes abundavam as bogas, os escalos, os barbos, as carpas (mais a sul), peixe indígena e muito nosso - pelo menos quatro sub-espécies são (ou eram...) exclusivas dos cursos de água portugueses.
A ideia foi importar bicharada carnívora e tremendamente voraz. Seja da postura de ovos dos demais, seja do próprio peixe, juvenil ou adulto. E outra, inofensiva, de pesca fácil mas sem qualquer interesse desportivo. Todas essas espécies suficientemente adaptadas à poluição dos rios. As nossas águas transformaram-se numa áfrica tribal de catana na mão, os percídeos massacrando sem dó nem piedade os ciprinideos autoctones e inofensivos.
De forma que pescar nos nossos rios, hoje em dia é quase só isto. Nas albufeiras, então, o melhor é nem falar.
Não há dúvida: os portugueses querem mesmo mal a si mesmo. Seja na Política, seja na Natureza...