Correio do Minho
Minha Mãe:
Espero que este postal te vá encontrar de boa saúde que eu cá estou bem desde que chegámos ontem, pela noitinha. A guerra para estas bandas nada tem de parecido com a outra, de que o meu pai tanto falava. A minha Mãe não fique, por isso, preocupada, que aqui nem o tal capim e as picadas, nem cobras e crocodilos. E turras, não há rasto de algum e até o nosso sargento não sabe descrevê-los. Parece que a missão será pedir os documentos ao pessoal que passa nas ruas, a maior parte são camones lá com o falar deles.
Disse o nosso sargento estamos aqui para segurança dos nossos chefes e de um outro estrangeiro também importante. O calor é que é muito e a malta passa o dia na praia. Numa patrulha que já fiz, um moço meio cigano perguntou-me se eu queria uma tatuagem. Pedi-lhe fizesse uma como a do Pai, a dizer Algarve 2013 Amor de Mãe, mas ele só queria desenhar dragões e outros bichos esquisitos e pediu muito dinheiro. Mandei-o dar uma curva senão ainda lhe exigia a identificação e ele foi logo.
Consta que não ficaremos cá muito tempo. Mas os da televisão andam sempre na rua, não te esqueças de estar atenta, pode ser que eu apareça a acenar-te. Ou até a ser entrevistado para te desejar umas boas férias, que o Natal vem longe.
Por agora é tudo. Despede-se este teu filho que tanto de ti gosta e te manda um beijo
JAM
Mãe: até me esquecia, escolhi este postal por me fazer lembrar a nossa linda terra. Já me disseram que é sítio onde se come a nossa boa comida e à noite tem umas moças a dançar para a gente. O nosso sargento prometeu-nos levar-nos lá no fim da comissão.