"Soneto do Sonho"
João-Afonso Machado, 06.07.13
Vinha pela noite, vinha de dia,
Tinha corpo e voz, as feições comigo,
Mas triste, a jurar sempre não me via,
Sonho nado antes do tempo antigo.
Sonho que sonhei, mulher te sabia,
Ecos a chamarem, vago abrigo
O gemer da idade longe trazia,
Já sem forma nem fé, apenas castigo.
Um beijo, amor, essa tarde de acaso,
A noite, olhares e palavras poucas,
Uma flor, o caule e depois o vaso…
Assim, maldito, faltou realidade,
Assim só o fim, troar de lendas loucas,
Foi vivido, foi cru, foi a verdade.