Outro quindim da greve dos profs.
Aos 15 anos já pensava pela sua cabeça, em regra, aliás, não muito condizentemente com modas e movimentações de massas. Militava na Juventude Monárquica Revolucionária e prezava muito a sua liberdade. Como ainda hoje em que profissionalmente conjuga a lavoura e a docência no Ensino Secundário.
Por razões que são as dele - e um ou outro excêntrico consideram valer tanto como as das demais pessoas - resolveu não aderir a esta última greve que espalhafatosamente caiu em cima da data dos exames. Vai daí, comunicou aos seus colegas a sua decisão e apresentou-se a serviço, na vigilância das provas.
Da reacção dos colegas: a reprovação e o insulto. Mesmo por parte daqueles com quem sempre mantivera cordiais relações.
Dos acontecimentos do dia: a meio da manhã veio cá fora fumar o seu cigarro. De imediato se viu rodeado por outros professores e por mais achincalhos, ameaças e - curioso!... - variadas fotografias tiradas com telemóveis. Ainda assim aproximou-se deles, procurou o diálogo, conhecia-os todos e o grupo não era enorme (os restantes grevistas deviam ter aproveitado para tratar de assuntos pessoais...). Conversa fria, distante, de muito pouco companheirismo. Foi quando um prof. de Educação Fisica se dirigiu a ele em claros propósitos de agressão. Outros, mais sensatos, impediram chegassem a vias de facto.
Da necessária conclusão: a greve não é um direito, antes um dever. O dever de, pelo menos, contribuir para a estatística dos sindicatos. A Constituição ou foi escrita ou está a ser lida ao contrário.
Leva quem não greva? Será assim?