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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Almourol

João-Afonso Machado, 03.02.13

Há ainda um tempo de silêncio, contando todos os vinte anos desde a última vez. Deambulando pelo rio num barquito ronceiro, talvez despropositado mas parte do cenário. A recusar o trajecto mais directo, decerto um simples pontão, para encurvar as águas até à extremidade de lá do ilhéu. Almourol nasceu de dificílimo acesso, guardião dos tempos e das civilizações, e assim a História o deve manter.

É o se contempla e medita, do alto da torre de menagem, de olhar lançado a montante. Porque a juzante, Tancos, as promessas de imensidão do sol poente, o Tejo que um dia partiu mundo fora, - tudo sai enegrecido de pessimismo rubro-verde, a vergar às chicotadas do trapo posto no vento.

 

 

 

Para além da efeméride

João-Afonso Machado, 01.02.13

Já Portugal inteiro conhece as circunstâncias da tragédia. Há os loucos e a sua assassina índole. Há, também, o calculismo frio de quem prefere mitigar, se possivel esquecer. E há a Nação. Inconformada, mas calada. Paradoxalmente resignada.

Sobretudo, há o Futuro: essa marca iniciada em 1 de Fevereiro de 1908, de que é impossivel conhecer até onde se estenderá. Até porque o Futuro, bruxedos à parte, é sempre imprevisivel.

Em bom rigor, somente podemos hoje afirmar que o bárbaro fusilamento d'El-Rei D. Carlos e do Príncipe Real foi a porta aberta para quantos homicidios políticos se lhe seguiram, vitimando personalidades de apreço, monárquicos ou republicanos, mais da Direita ou da Esquerda.

E o macabro episódio de 19 de Outubro de 1921 lá está para o confimar. Quando a República antropófaga comeu a ala mais nobre dos seus fundadores.

Prossigamos, inventariando os misteriosos desaparecimentos de figuras de proa da Oposição na II República, consulado de Salazar...

Sem esquecer, é claro, Sidónio Pais, Sá Carneiro, Amaro da Costa...

Portugal, um país de "brandos costumes"? Sim, na forma como julga os prevaricadores. Jamais como herdou e vem mantendo a tradição matadora que a Europa rejeitou ao ultrapassar o romantismo oitocentista, optando pelo modelo civilizado da convivência das ideias e das convicções. E chamando ao mais - "terrorismo".

 

 

 

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