A decisão de envelhecermos na nossa terra é humana, talvez a mais condigna de um bom filho. No meu regresso à vila da minha adolescência, onde o centro das nossas andanças é agora o centro da cidade que inexistia quando parti, tratei - continuo afincadamente a tratar - de encontrar poiso que me satisfaça. Enfim, que nos satisfaça, torres à margem, lugar de gatos, pombos, lagartixas e o mais que afugente baratas tontas, porque para as outras existe o spray e ausência de quem morra apavorado.
Mas é difícil! Vão lá poucos meses, o edíficio térreo dos meus sonhos mostrava todos os sintomas de decadência. Mas, num ápice, crescera, esbranquiçara, ganhara acesso automóvel em plena rua pedonal. E a bolsa, aqui no meu bolso, parca, limitada, incompetitiva. Outra que se vai, tão à distância do meu poder de tiro.
A solução estará na persistência. Já descartei a hipótese da greve de fome à porta da Câmara Municipal, unicamente porque me parece sobremaneira desagradável morrer - à fome, ao frio... e ante a indiferença e a risota da comunidade, ainda por cima.
A busca continua, pois. Dê para onde der, duas certezas: liberdade e independência, acima do mais; e a nossa casa é a nossa obra - criada ou suportada, por isso, unicamente com o produto do nosso trabalho.
E nos dias que correm... é como antigamente, na feira do gado - atilho desapertado e notas à vista. Com bancos é que jamais.
Eu sei: vai ser mesmo muito dificil.