Soares
A esta hora creio estar Mário Soares "no ar", em mais uma entrevista televisiva. Não poderei acompanhá-la - a Família não deixa. Assim ficarei sem dados concretos para - uma vez mais e sempre - cair em cima do veneno que destila e de todo o mal que jamais deixou de causar a Portugal.
Amanhã, por isso, outras coisas poderão ser ditas. A serem sobrepostas à sua última boutade - nem no tempo de Salazar se passou, em terras pátrias, tanta fome como agora.
Daí apenas a constatação de que, na sua demagógica ética republicana, Soares parece ter esquecido as privações suportadas por todos, no decurso da II Grande Guerra - possivelmente porque disporia de outras fontes de abastecimento... E, porque não?, o inesquecivel momento em que Soares "virou" democrata - esse mesmo em que a Esquerda mais exaltada o impediu de discursar no 1º de Maio de 1975.
Foi aí. Soares, simplesmente, temeu por si próprio. E só assim arrumou o socialismo "na gaveta" e apanhou a boleia do descontentamento generalizado até aos sucessivos triunfos na Fonte Luminosa, no 25 de Novembro e nas sequentes Legislativas. Com Sá Carneiro, de permeio, a cortar-lhe cerce a discursata abusiva.
Outros tempos... Já tão longínquos que todos esquecemos os seus abraços, o namorico com Cunhal. Presentemente, com a sua Fundação privada dos fundos da sua sobrevivência, Soares retorna a isso mesmo - aos abraços e ao namorico com (os sucessores de) Cunhal.