O melhor é pensar assim
... E uma vez condenados a mantermo-nos vivos - uns boateiros, esses Maias... - talvez seja mesmo de fazer um esforço de vontade e de imaginação. O carreiro, diante de nós, afigura-se longo e tortuoso. De muita exigência para as já bem cansadas pernas em que nos transportamos.
Mas pensemos - porque não? - desde ontem principiaram os dias a crescer. Lentamente, ainda imperceptívelmente. Mas seguramente. Como se acrescentando sempre um pouco mais de luz a esbater a escuridão em que, sem dúvida, todos nos achamos.
Como se, afinal, tivessemos batido no fundo e, daqui em diante, só para melhor, impossivel será descer ainda para pior.
É certo, temos um Estado devorista para alimentar muitos anos mais. E que nos foi surripiando impostos com algum suposto pudor, agora descaradamente perdido, tudo valendo para obrigar o cidadão a pagar colossais dívidas acumuladas.
Mas, por isso mesmo, há-de partir de nós a nossa própria salvação. Contra o desemprego, contra a carestia de vida, contra todas as privações em geral. É claro, sempre com justificada prudência e aquela pontinha de receio de que só os loucos não sentem a picadela. Creio não poder, nesta altura, pensar de outro modo - depois de 25 de advocacia no Porto, resolvi "abrir banca" na Provincia... Se tenho clientes? Não, não tenho, ficaram todos lá na cidade.