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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

O meu Cavaleiro

João-Afonso Machado, 17.12.12

Não o consegui apanhar, creio. Sei-lhe a espada e a capa, o chapéu de abas e as esporas douradas. O seu cavalo branco e as éguas. A riqueza das terras, a fidalguia do nome. E os três casamentos, toda a sua prole. Sei bastante, dir-se-ia, o suficiente para uma história inteira pintada de sangue e de amores e ódios, também sei de lanças e bestas e escravos. E da India e de Alcácer Quibir, de onde não voltaram filhos seus.

Li os documentos que se deixaram ler. Porventura, os mais esclarecedores. Ainda assim... o meu cavaleiro escapa-se-me, como se na tragédia desses nevoeiros quinhentistas. Porque não é de um conto ou de um romance que se trata. É de uma conversa, de uma ressurreição. Supostamente, o meu cavaleiro voltaria a cavalgar nas páginas escritas pele Genética em toda a força de uma vida jamais tornando a morrer.

Somente... captei-lhe a barbicha e os safões, a cor do gibão. As vacas vermelhas e as cabras soltas nos montados. Os seus teres, afinal; mas não o seu ser. Simão Pinheiro, Simão Primeiro, por que rondas andais que vos sinto sem vos ver?