O irreal "Estado Social"
O drama recente de alguém de poucas posses - uma empregada doméstica, precisamente - em quarteis do IPO, o drama, portanto, de quem padece de um cancro e a quem o IPO fez acreditar a doença se encontrava sanada, que voltasse lá passado uns tantos meses, pelo sim, pelo não, mas o tumor, afinal, cresceu entretanto não sei quantos milímetros, a operação afigura-se agora inútil e a desgraçada desespera e bate à porta dos que (crê ela) a conseguem ajudar... porque conhecem pessoalmente médicos de confiança, desses que olham para os pacientes como seres humanos e não como peças de uma lista de espera - toda esta história que, decerto, todos já presenciaram ou mesmo acompanharam em tonalidades as mesmas ou idênticas, leva-nos a pensar no famigerado Estado Social.
A reportagem no DN de hoje sobre vinte portugueses - eclesiásticos e, maioritariamente, leigos - que dedicam a sua vida a ajudar quem de auxilio careça - também trouxe à tona essa tenebrosa arma de arrremesso chamada Estado Social.
O mesmo acontece a cause da campanha do Banco Alimentar este fim-de-semana.
Em suma, porque vivemos apenas um estéril combate de palavras cada vez mais destituidas de sentido. A Esquerda desembaínha a espada pelo Estado Social apenas para acutilar a Direita e encostá-la a uma parede ideológica de onde só sairá viva confessando-se pérfida e neo-liberal. Rendendo-se, assim, totalmente submetida.
E, deste modo, admitindo que o Estado Social é, tão-só, o Estado Socialista. O Estado Seguro do Tozé. O Estado Estatizante da tropa restante. O Estado Clientelar da velha ditadura burocrática.
E, acima do mais, o Estado falido. o tal que Sócrates tentou "revitalizar" encerrando escolas e centros de saúde. Ou seja, sonegando serviços para manter os custos do aparelho. Decerto, razoavelmente como agora também se pretende agir, mas com toda a autoridade do rótulo "socialista".
Como acima referi, nada disto é real, sofrimento das pessoas à parte; o mais pertence ao mundo virtual das ideologias.