Despedida
O teu embarque seria uma viagem de há quase quatro décadas, outro tempo de locomotivas e compartimentos, a mesma mochila. Não tão rodada como essa tua saia xadrez de hoje, negra e encarnada garrido de todos os sonhos em que não deixamos o Passado afogar-se e, boca a boca, o mantemos presente, uma vida futura.
Respondo a esse aceno sorridente na plataforma sempre fugindo. O negro esbate-se, já só resta o encarnado garrido da tua saia de roda e um pouco de vento, um sopro de adolescência, porque não vieste também?
Ouviriamos os Stones e Leonard Cohen, o Passado presente, boca a boca, joelhos de menina, saia eterna quanto a perna estreita das minhas Lois.
E, já no fim do horizonte, reparo ainda na delicadeza das tuas mãos, uma sobre as repas do cabelo, a outra ensinando o encarnado garrido da saia a não fugir: nem no tempo, nem no vento.