Ontem foi assim
Manhã sem pretensões, já longe os desagravos. Apenas o sol encimando a copa das árvores e os pés antecipadamente molhados, a humidade do chão não é tempo de se ir assim, sem mais. A pardalada sacode as penas e os cães gostam da ausência de sede. Também se marcha bem na terra mole das chuvas recentes.
E talvez a espingarda e a cartucheira fossem mera decoração. As esperanças eram nenhumas, horas sem eco, mas a Tareja fala já fluentemente embora continue a gostar de melros. O regresso ao local da galinhola resultou apenas de porque sim, a quantos anos estamos de nova passagem do cometa? Perdizes? Parece se acoitam no logradouro da quinta mais próxima, todos garantem vê-las por ali, mas tiros debaixo da janela só a ratazanas. Foi como chegou a vez da máquina fotográfica: a trespassar a neblina e os raios do sol, vindo ainda do nascente para o meio-dia, talvez de tarde sequem os prados e a erva brava das leiras ora condomínios fechados dos láparos.
Do lado oposto do vale o sino badala as horas. É sempre emocionante o silêncio dos vizinhos, a quietude da vida lá no cimo da freguesia. Onde o velho leão ruge o sono eterno dos nossos Avós. Podia e devia ser assim todos os dias.