Um sucesso, o inter-rail do Tozé
Telefonou ontem à noite, a dar notícias, eufórico. Estava na Anadia, já muito no Norte da Europa, e comungava de um jantar de 600 bairradinos, assim se chamam os nativos da Bairrada, curiosissima região - contava o Tozé à família Socialista - em que a base da alimentação é o leitão e o espumante.
(- E ainda há quem nos mande comer menos bifes!,
indignava-se o jovem descobridor de novos povos e novas culturas...).
Imbuido dos ideais mais românticos, Tozé não se cansa de pugnar em todos os seus contactos pelo fim da austeridade que vem matando o Mundo.
- É preciso colocar a prioridade na economia e no emprego!,
sabe a família Socialista, embevecida, serem palavras de ordem sua, por essa Europa fora, do Tejo ao Douro, de Lisboa a (se as férias não findarem entretanto) Barca de Alva. Porque, acrescenta Tozé, a taxa do crescimento produtivo nos últimos dez anos indicia não haver sido gerada riqueza suficiente para resolver os nossos problemas
(- Eh pá, Tozé, não vás muito por aí, que nos últimos dez anos morámos lá nós...
bichanou-lhe o Tio Zé Vieira da Silva do outro lado do auscultador.
- Olha, rapaz, não fales mais que gastas as moedas todas...).
Tozé quer negociar com os credores, pedir tempo para consolidar as contas públicas e pagar as dívidas, e vir de lá com juros mais baixos. Foi por tão nobres ideais que Tozé pendurou a mochila nas costas e apanhou o combóio-correio. E, certamente, no próximo inter-rail Tozé já saberá dar os passos concretos para atingir os seus fins. Até lá, por montes e vales, Tozé terá espaço bastante para aprender que para a venda de uma casa não basta a vontade do vendedor: dá jeito que esta convirja com a vontade de um qualquer comprador. Algo que Tozé, de resto, não tem a obrigação de saber porque nunca fez a cadeira de Teoria Geral do Direito Civil.