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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

"Margem do nunca mais"

João-Afonso Machado, 29.07.12

Há nesta margem

o sentido do nunca mais

e dos impenetráveis caminhos,

obscura viagem onde se chega jamais.

 

São os fundos, remoinhos,

outros mundos, falsos remansos

da alma ferida a cada investida,

rocha polida, sem arestas,

tantos os recuos e avanços.

 

Tapumes, sonhadas frestas

afinal miragem,

outra e outra, sempre iguais,

 

nesta margem do nunca mais.

 

 

A ressurreição do concelho (e do Reino)

João-Afonso Machado, 29.07.12

Sente-se no ar a insistência do mistério. Ladrão? Assassino? Guerrilheiro? Justiceiro ou injustiçado? E a terra fechada no seu silêncio obstinado, a boca tão fechada quantas as muitas portas dos que partiram, emigraram, para algum lado foram, costas voltadas à História. Até o pelourinho, símbolo do antigo concelho, mais um morto à régua e ao esquadro, até o pelourinho não esconde a mutilação, a cabeça escavacada.

Midões, de onde - para a fantasia ou para a realidade - surgiu em outra eras o João Brandão. Entre matos e serras e o eco das clavinas e dos bacamartes, mil vezes ampliado pelos serões à lareira, histórias de arrepiar, criancinhas crescendo sob o espectro terrivel do implacável João Brandão de Midões. Assim há um perder a conta de gerações.

E tão amena localidade! Quase deserta, como é de bom tom no nosso Interior, e de melhor proveito para quem puder e souber. São já alguns os amigos que por ali adquiriram e restauraram memoráveis paredes. Ainda há para muitos mais. A ideia é recuperar o concelho, proclamar a Monarquia e realistar o João Brandão - de arma aperrada na entrada da povoação, de tocaia aos patos-bravos.