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MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

MACHADO, JA

A minha escrita, a minha fotografia, o meu mundo

Portugal recomeçou a arder

João-Afonso Machado, 19.07.12

Era preciso menos televisão e mais acção. Preventiva, combativa e repressiva, é claro. Nem todos terão vivido um incêndio às portas da casa. O susto das chamas a lavrar terreno, o calor que acresce ao calor natural, já de si extenuante, o medo, a sensação de impotência.

Quantos partilharam a angústia da destruição total? Do lar ardido, de uma vida consumida pelas labaredas, da fatalidade que não deixa alternativa à fuga, apenas à fuga mais o que caiba nos bolsos e nos sacos que as mãos comportem?

Quanta gente não presenciei chorando apavorada ante a sensação da miséria próxima, de um amanhã acordado somente em cinzas!

Para não variar, o País arde, uma vez mais. É assim, em cada vaga de calor. Há quantas décadas já?

Afoguem o fogo e os eufemismos. Os incêndios são obra da vontade humana. Facilitados, sem dúvida, pelo desleixo ou pelo caos urbanistico; mas sempre, e inquestionavelmente, resultado da vontade humana. Assente ela na motivação em que assentar.

Madeira, Algarve, Beira Interior... Mais o que virá enquanto não vier o frio!

In illo tempore participei armado em muitas vigílias nocturnas (porque será que o lume tende a atacar à noite?...) de matos. Disparei até, nessas circunstâncias. E gozei o resultado de a "brincadeira" não voltar a repetir-se.

Que isto seja lido não como um incentivo ao milicianismo popular. Somente, quem sofre os efeitos dos incêndios é, essencialmente, a nossa gente. O ser humano. E os desgraçados bombeiros são - heroicamente - um remedeio. Nunca percebi porque o Estado não dispõe de meios que evitem o seu sacrifício. Friso: o sacrifício das suas próprias vidas!